
Um caso de plágio que também é de literacia mediática
Outubro 13, 2022A propósito da educação para os media e dos níveis de literacia mediática daí resultantes, o MILObs considera que se fala sobretudo da “aquisição de conhecimentos e competências para aceder, analisar criticamente os diferentes media e comunicar de forma pertinente e criativa, tirando partido deles”. Nas últimas semanas, tem-se desenvolvido e discutido um caso de plágio, entretanto pluralizado, no jornal Público. O exercício da participação através dos media (digitais, por email e redes sociais) e em relação aos media (um órgão de informação de referência e o jornalismo em geral) representa uma oportunidade para se assinalar brevemente o papel desta dimensão – a participação – no conceito de literacia mediática.
Joana Fillol, jornalista e diretora do Jornalíssimo, bem como colaboradora do MILObs, identificou e denunciou um caso de plágio numa crónica do também jornalista Vítor Belanciano, do Público. O plagiado foi (não só, mas principalmente) o igualmente jornalista e cronista do El País, Sergio C. Fanjul. O sucedido foi comunicado, por correio eletrónico, a Vítor Belanciano, à direção editorial do Público e ao provedor do leitor do mesmo órgão de informação. Apesar de, em resposta ao e por email, os dois primeiros reconhecerem a existência de plágio, não retiraram as consequências que a leitora, secundada pelo código deontológico dos jornalistas e pelo próprio livro de estilo do jornal, considerava necessárias. Isto é, a assunção pública do crime que é o plágio redundou numa breve nota no final da crónica seguinte de Vítor Belanciano, onde foi apresentado como não mais do que um erro na reprodução de passagens do texto original. Da ausência de consequências da denúncia e do reconhecimento ténue e incompleto do erro, tal como da inação do provedor do leitor, José Manuel Barata-Feyo, até aí, surgem novas missivas com protestos de Joana Fillol. A estas, o provedor respondeu em duas ocasiões, aqui e aqui.
A secundarização do caso por Barata-Feyo e o prolongamento no tempo da inexistência de ilações no seio do jornal (e de outros media) fez das redes sociais, nomeadamente do perfil da denunciante, um novo espaço de discussão dos (agora já) plágios em causa. À acumulação de reações e denúncias de outros casos semelhantes, respondeu com maior detalhe o Público nos dias 07 e 10 de outubro. A denúncia original data de 18 de setembro. O debate sobre o plágio e, sobretudo, o tratamento dado ao caso continua com o envolvimento daqueles que participam nos media para discutir os media.